Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

2 de agosto de 2013

Não sei mais


Tantas vitórias
e tantos os desalentos.

Pessoas falham,
desconsideram, privilegiam, agridem, escarnecem, rotulam,
traem confianças, expectativas e esperanças,
decepcionam.

Estereótipos de si mesmas, interagindo,
numa imensa rede de conexões entre seres irreais.

Pessoas crêem e esperam que consigamos ser
tão essenciais quanto queiramos,
mas não somos e não poderemos ser,
porque nossa essência já foi indelevelmente massacrada,
adulterada, viciosamente normalizada.

Desencantamento pelo ser humano?
Não há desânimo, derrota,
ou fraqueza ante qualquer luta.
Antes, um senso de que talvez não valha a pena.

Deixei de ser
aquela vontade de criar,
participar, opinar, assumir tudo o que possa,
liderar, conduzir, resolver, realizar
e sair da cena para me comprazer com
e a felicidade inspirada aos demais.

O desafio das coisas complexas.
A perfeição, um objetivo a jamais ser atingido.
O próximo ato que seria sempre
menos imperfeito do que o anterior.
Não me move mais esta busca.

O analisar e argumentar,
provar as teses corretas,
como a construir instrumentos de mudança.
Quais e em que medida seriam possíveis,
se todos têm o individual acima do correto?

Das minhas marcas,
algumas evanesceram,
outras recrudesceram,
ganharam mais fundamentos, alastraram-se,
percepções conclusivas e gerais,
reacendendo sentimentos dolorosamente poderosos
que talvez sejam hoje a minha essência.
Restou muito delas em mim.

Não sei mais o que sou.
Tenho medo de ser apenas isto.

15.08.2005 - rev. 04.08.2009 - rev. ago.2013