Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

28 de agosto de 2013

As flores que cultivo


Minha caminhada e' o quanto te arrastas.
Meu pão e' o que o diabo te amassou,
enquanto eu dormia,
enquanto te escondias nesta selva.

As flores que cultivo,
são os espinhos em tuas mãos.

Enquanto penso,
tua mente se embota no álcool
e se desalenta.

Luto ferozmente,
para ter e manter o que quero,
enquanto não tens forças
para caminhar em tua miséria.

Meus esforços compensados
são os teus, nem percebidos.
Meu corpo se fortalece,
enquanto teu esqueleto
já não tem o que sustentar.

Às vezes, te encontro pelas ruas
e te dou um pouco do que consegui,
dolorosamente sabendo
que em nada te ajudo.

E vou pra casa angustiado,
sem entender como podemos
ser filhos de um mesmo Deus.

(escrito numa madrugada, há décadas)