Minha caminhada e' o quanto te arrastas.
Meu pão e' o que o diabo te amassou,
enquanto eu dormia,
enquanto te escondias nesta selva.
As flores que cultivo,
são os espinhos em tuas mãos.
Enquanto penso,
tua mente se embota no álcool
e se desalenta.
Luto ferozmente,
para ter e manter o que quero,
enquanto não tens forças
para caminhar em tua miséria.
Meus esforços compensados
são os teus, nem percebidos.
Meu corpo se fortalece,
enquanto teu esqueleto
já não tem o que sustentar.
Às vezes, te encontro pelas ruas
e te dou um pouco do que consegui,
dolorosamente sabendo
que em nada te ajudo.
E vou pra casa angustiado,
sem entender como podemos
ser filhos de um mesmo Deus.
(escrito numa madrugada, há
décadas)