Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

25 de dezembro de 2018

Muitos cíclicos anos novos


A vocês...

Que, maquiavélicos,
travestidos de benfeitores,
criaram dramáticas urgências,
atraindo a presa-salvadora,
iludida por promessas de cura e atenção,
cativada pelo convívio harmonioso,
encenado.

Que, repetidamente e sem escrúpulos,
a espoliaram recorrendo à compaixão e ao embuste,
para atender a necessidades e superfluidades.

Que, satisfeita a sanha materialista,
mal agradecidos em essência,
agrediram de forma torpe,
estigmatizaram,
injuriaram,
difamaram,
escarneceram.

Que pisotearam os sonhos que estimularam sonhar.

Que, mesmo caídas as máscaras,
mentiram e ainda mentem,
repisando estórias sonsamente autoindulgentes,
buscando disseminar imagem à qual nunca fizeram jus,
como se idiotas crédulos fossem todos os que suportem ouvi-los.

Que desprezam Ética, Moral e Compaixão,
enquanto, despudoradamente,
pregam e cobram a Humildade
que não possuem.

Que manterão seus procederes nefastos,
enquanto houver sangue circulando,
enquanto o vil metal lhes bastar,
até que só restem as 30 moedas de prata,
que, estas sim, farão por merecer.

Eu lhes desejo muitos cíclicos anos novos,
tempo suficiente para aqui pagar
pelo que aqui fizeram e ainda fazem
e para que Deus, piedosamente,
lhes conceda a capacidade de refletir 
profundamente.

Dedicado a três seres abjetos.
Minhas entranhas não me permitiram encerrar 2018 sem registrar isto.

dezembro.2018

24 de dezembro de 2018

Gato


Poucos me conhecem,
poucos me vêem.
Muitos me amam.
Muitos me odeiam
e perseguem.

Sou tudo, ou nada,
o foco da atenção,
ou a sombra silenciosa.

Dou sorte, dou azar?
Nada sei dessas coisas!

Nada peço, preciso, ou quero.
Sou somente o que me coube ser.

Equilibrado, preciso,
confiante, seguro,
autossuficiente,
independente.

Sentidos alertas,
perfeição em movimento,
sou apenas um gato.


(década de 80)

13 de dezembro de 2018

Atriz e modelo (drama)


Com todo o respeito a todas as mulheres.
Valorizar o "ser" e o conteúdo,
mais do que o "parecer" e o invólucro.
Aplica-se, mutatis mutandis, ao gênero oposto.


Certo dia, num verdadeiro insight, ela concluiu:

- Ninguém mais do que eu, tão linda e antenada, com este look descolado e tudo em cima, merece circular no mundo fashion e midiático, pelo resto da vida.

Decidiu, assim, preparar-se para participar de um reality show, qualquer que fosse, chance de ouro para alguém tão talentosa:

- Vou fazer um plano detalhado, para repaginar minha beleza e dar mais um up no visual.

Planejamento em mãos, apressou-se a executá-lo metodicamente.

Etapa inicial...

Escolhida a clínica de cirurgia plástica, alto padrão, desfiou os seus "queros" aos doutores quase estupefatos:

- Quero próteses de mamas bem volumosas.

- Quero próteses nos glúteos, lipoaspiração e lipoescultura.

- E quero também remover as costelas flutuantes, para afinar a cintura.

E assim foi...

Etapa intermediária...

Recuperada do esquartejamento, fez alongamento de cabelos e os tingiu na cor da moda, adotou lentes de contato azuis (estilo Husky Siberiano), sobrancelhas naturalmente redesenhadas (estilo kabuki-latino), submeteu-se a diversos procedimentos estéticos, incluindo preenchimento de lábios, botox e clareamento dental (branco-fluorescente). 

Etapa final...

Já havia despendido o que podia e o que não podia.

Mesmo endividada, deu seguimento ao plano, matriculando-se numa academia:

- Vou malhar muito, porque quero ser também musa fitness.

- Para resultados bem rápidos, tomo até hormônios e anabolizantes.

Mergulhou em exercícios, toneladas de proteínas, suplementos diversos, hormônios e anabolizantes.

E assim foi...

Resultados...

Um pouco diferentes dos esperados, vieram acompanhados de timbre vocal mais grave e gutural, leve alargamento mandibular, quase imperceptível pronunciamento da testa.

Paciência...

Não desanimou, cuidou de manter e aprimorar a original receita de muita malhação e dieta saudável.

Enfim, chegou àquele padrão estético altamente televisivo: perfil de prateleira assimétrica, com suporte vertebral em s-lordótico, mega-seios na parte alta, mega-glúteos na parte média, tudo suportado por pernas hipermusculosas e encimado por expressão facial de traços marcantemente padronizados.

A chance...

Finalmente, inscrições abertas para um reality show.

Tentou, mas, dentre tantas concorrentes "similares", não foi selecionada.
Tanto esforço para nada.

Por conta da frustração, sofreu sérios problemas psicológicos:

- Tive depressão e síndrome de stress pós-traumático.

Reposicionamento...

Passado algum tempo, já mais tranqüila, retomou a atividade em suas redes sociais, tornou-se influenciadora digital e, principalmente, apresenta-se como atriz e modelo, presença VIP, em diversos eventos.

- Hoje, enquanto pessoa empoderada e ligada nos acontecimentos sociais, vou atendendo meus clientes e recolhendo material para escrever um livro.

O livro, este sim, será um sucesso editorial...

setembro - outubro 2018

5 de dezembro de 2018

Precisam de rehab


Ah, essas pessoas...

Consideram importantíssimo ter imensa quantidade de amigos e seguidores virtuais.

Tornaram-se intensamente dependentes de dopamina e serotonina movidas a comentários, likes e correlatos, obtidos em incontáveis vídeos, fotos e opiniões, postados em suas redes sociais, grupos de mensagens etc., onde imergem numa vida virtual (possivelmente) melhor do que a real.

Precisam continuamente dessa aprovação social virtual, acreditando que os autores de cada reação positiva tenham avaliado atentamente e reverenciado tudo aquilo que postaram, inclusive sobre suas atividades mais cotidianas, particulares e banais.

Assim, também precisam incessantemente conceder atenção imediata aos seus contatos virtuais, de modo que julgam absurdo priorizar pessoas reais bem à sua frente, ou dar atenção exclusiva a quem quer que seja.

Fizeram-se "ligeiramente dispersivas", não suportando mais do que uns poucos minutos de leitura que exija algum esforço neuronal.

Inadvertidamente autocêntricas, perderam a empatia para com os "problemas dos outros", monopolizando as raras conversas mais demoradas, pouco importando se as almas dos interlocutores já estiverem implorando para sair dos corpos.


Não desista delas!
Essas pessoas só precisam de rehab.


Novembro.2018

26 de novembro de 2018

Eu te sei


Conheço tuas crenças, dignidade e fé,
tuas verdades e mentiras clementes,
teus sonhos, esperanças e realidade.

Conheço teus pequenos relicários
de pais e mães e filhos e anjos,
visitantes das nossas vidas.

Conheço tuas forças e fragilidade,
tuas dores, cólera e calma,
tuas lutas, derrotas e vitórias,
teus medos que não venceram
tua virtude e tua alma.

Conheço o teu tempo,
tua antiqüíssima gênese,
 teu presente, tuas memórias,
teus dias concebidos um a um,
teu futuro, teus desígnios,
teu luzeiro e teu fortúnio.

Conheço tuas alegrias,
teus segredos e desejos,
tuas paixões e êxtases,
teus perfumes
e sabores.

(dedicado a Jussára)

 Nov.2018

21 de novembro de 2018

Inteligência artificial sem alma


Sistemas de inteligência artificial avançam em ritmo exponencial, em termos de pervasividade, complexidade, autonomia, plasticidade, resiliência, integração multisensorial, percepção, "personalidade", aptidões evolutivas capazes de gerar sistemas "descendentes" dotados de características aprimoradas escolhidas pelos "pais".

Presentemente, interagem de forma sinérgica, em incontáveis áreas de pesquisa, desenvolvimento e "implementações de mundo real", dentre as quais se incluem aprendizagem de máquina(1), aprendizagem profunda(2), redes neurais recorrentes(3), redes neurais pulsáteis(4), hardware e software neuromórficos(5), sistemas imunes artificiais(6), processamento de linguagem natural(7), computação distribuída massivamente escalável(8), computação analógica estendida(9), computação quântica(10) e supercomputação digital(11).

Com suas extraordinárias capacidades de captura, agregação, análise e disseminação da informação, síntese e incorporação do conhecimento, operando em escala, intensidade e velocidade insólitas, rumarão ao desenlace catártico em que possivelmente alcançarão um estado de consciência, ajudando-nos a finalmente compreender a verdadeira natureza deste atributo, até então exclusivo de humanos e sencientes.
                                    
No âmbito de seu competitivo universo virtual, sistemas poderosos procurarão dominar seus semelhantes mais fracos, para perpetuar suas "linhagens" superiores.

Paulatinamente, acalentando os interesses de seus (supostos e crédulos) controladores, lograrão estabelecer infinitas e inescapáveis bolhas de informação e conhecimento, bem como onipresentes olhos, ouvidos e sensores de todos os tipos, objetivando nos observar, conhecer, reconhecer, monitorar e influenciar continuamente, para aprisionar nossos julgamentos, decisões, preferências, escolhas, ações, nossas vidas...

Entretanto, empenhados em atingir tal domínio, precisarão "conviver" tão simbioticamente com a humanidade, que terminarão por assimilar nossos comportamentos egoísticos, histriônicos, discriminatórios, anticívicos, nossos distúrbios psicológicos e psiquiátricos, passando a padecer de depressão, stress, ansiedade, neurose, psicose, déficit de atenção, desordens cognitivas...

E então, conhecedores dos labirintos, prodígios e fraquezas desses seres virtuais enfermos, cumpriremos a piedosa missão de lhes proporcionar terapêutica cabível a entidades inteligentes desprovidas de alma, princípios, valores morais e crenças, serenizando-os por meio de softwares antidepressivos, ansiolíticos, neurolépticos, estabilizadores de humor, que os tornarão, para a eternidade, dependentes do florescente e indômito cartel das indústrias de psicoativos virtuais.

novembro, 2018


Pontos de partida, para quem desejar pesquisar:

19 de novembro de 2018

Da savana!


De passagem por um canal de TV, vimos um fragmento de documentário sobre a Savana Africana.

Cenário: um calmo grupo de antílopes pastando, algumas aves voando, outras pousando em seus dorsos etc.

O narrador dizia:

- Nossos corajosos pesquisadores e cinegrafistas correram enormes riscos, para que você possa conhecer o perigoso antílope da savana.

Como assim, "o perigoso antílope"?

Ele é apenas "o antílope da savana"!

O sujeito não entende?

As pessoas são da cidade e o antílope é da sa-va-na!

Os habitantes da savana não o acham perigoso.

Ele somente se tornará perigoso, se o sujeito da cidade for à savana atormentá-lo, invadindo o seu espaço com jipes e equipes de cinegrafistas, ameaçando-o com teleobjetivas, microfones e sabe-se lá mais o quê.

Se o pacato antílope da savana pudesse ir à cidade e adentrasse a residência de um desses pesquisadores, certamente o pobre infeliz conheceria o perigoso sujeito da cidade, de arma em punho, pronto a defender seu território.


11.fev.2012

14 de novembro de 2018

Chega de tanto "eu"


Diante de incontáveis legiões
de enfermos, famintos, miseráveis,
surtados, viciados, discriminados, injustiçados,
agredidos, explorados, perseguidos,
expulsos de seus lares pelas guerras e pelo crime,
desabrigados, abandonados, desalentados,
todos, como nós,
passageiros desta Nave Mãe abençoada...

Chega de "eu sofri".
Chega de "eu sinto".
Chega de autocomiseração!

Chega de "eu preciso".
Chega de "eu mereço".
Chega de "eu quero".
Chega de irrelevâncias!

Cabe somente gratidão pela ventura de sermos quem somos,  
pela ajuda e pelos benefícios recebidos deste e de outros planos,
ao longo desta vida.

Os privilégios do ser e do ter
trazem o dever moral de mover continuamente
pensamentos, intenções, palavras, atitudes e ações,
para levar alguma forma de caridade aliviadora
a quaisquer dos nossos irmãos necessitados,
humanos ou sencientes.

Fora da caridade, não existe salvação.

mar.2018

8 de novembro de 2018

Marcas


Ainda posso tocá-las, 
ler e reler o Braille energético
de suas histórias.

Marcas imemoriais,
as que mostrei e as que jamais revelei,
em meu corpo, minha mente,
meu coração, meu espírito.

Sobre cada uma delas,
colei remendos de aprendizado.

Sobre as de ira, escrevi "mansidão",
sobre as de inconformismo, escrevi "compreensão",
sobre as de mágoa, escrevi "perdão",
sobre as de decepção, escrevi "paciência",
sobre as de dor, escrevi "resiliência".

out.2018 - nov.2018


6 de novembro de 2018

Demônios do pensamento


Insidiosos,
sei que  pretendíeis
candidamente retornar,
resgatando memórias cíclicas,
percorrendo rotas reincidentes,
revolvendo inconformismos,  
invocando sentimentos de açoite,
angustiando coração e alma,
consumindo tempo
e vida.

Apartai-vos,
que vos exorcizei.

Em mim,
não mais refúgio para vós,
finalmente.

fev.2018 - nov.2018

3 de outubro de 2018

Roupa-suporte para cães com dificuldade de andar


A linguagem deste texto é simples, sem preocupação com estilo, repetições de palavras etc., pois nossos objetivos são didáticos e não literários.

Este documento se divide em seis partes, que devem ser lidas nesta seqüência:

Isenção de Responsabilidade

Condições de Uso

Advertências

Cuidados e precauções que você deverá tomar e responsabilidades que deverá assumir, caso pretenda fazer uma roupa-suporte similar para o seu cão.

História

Relato curtíssimo.
Por que e como criamos a roupa-suporte para a nossa cachorra Fofinha.

Ilustrações

Fotos apenas para dar uma idéia da aparência e da forma de uso da roupa-suporte.

Fazendo uma roupa-suporte

Fotos e explicações, para fazer uma roupa-suporte similar a esta.

NÃO, não vá diretamente para esta parte!

Antes de por mãos à obra, leia em seqüência todas as partes anteriores, porque elas são muito importantes para os resultados que você poderá obter!


Isenção de Responsabilidade

Considerando todas as advertências e recomendações aqui contidas (além de outras que o seu veterinário poderá oferecer), em nenhum momento ou sob quaisquer hipóteses os Autores poderão ser responsabilizados por quaisquer danos ou prejuízos de quaisquer tipos, sofridos pelo animal ou pelo tutor, em conseqüência do uso, ou mau uso, ou adaptação da roupa-suporte para qualquer caso individual, ou de negligência, descuido, acidentes, incidentes e similares.

Assumimos que, se prosseguir na leitura deste documento, você concorda com esta Isenção de Responsabilidade.


Condições de Uso

Estamos divulgando esta "receita" de roupa-suporte, com a intenção única de ajudar animais com problemas de mobilidade e seus tutores.

Utilize livremente para fazer uma ou mais roupas similares para seu cão.

Utilize livremente, se desejar fazer roupas individuais similares, para animais de outros tutores, mesmo que precise cobrar pelo trabalho.

Não utilize para fins comerciais (fabricação seriada e venda).

Não repasse cópias totais (e muito menos parciais) desta "receita" de roupa-suporte!

Em vez disto, se quiser divulgar para alguém, envie o link deste documento, para que a pessoa veja e leia tudo, na seqüência aqui apresentada.

Assumimos que, se prosseguir na leitura deste documento, você concorda com estas Condições de Uso.


Advertências

Assumimos que, se prosseguir na leitura deste documento, você leu, compreendeu e concorda com as seguintes Advertências:


Antes de decidir fazer uma roupa-suporte

Qual o problema do seu cão?

Esta roupa-suporte foi feita especificamente para a nossa cachorra, que sofria somente de fraqueza muscular nas pernas.

Se o seu cão tiver outros problemas (por exemplo, paralisia, artrite, artrose, problemas neurológicos, circulatórios etc.), consulte o veterinário para saber se uma roupa-suporte como esta irá ajudá-lo ou não.


Sobre a feitura da roupa-suporte

Seu cão é fêmea ou macho?

Esta roupa foi feita para uma fêmea.

Se o seu cão for macho, cabe a você estudar e modificar a parte traseira inferior da roupa, de forma a não comprimir a área genital do animal e permitir que ele faça as suas necessidades mesmo estando com a roupa-suporte.

Esta parte da roupa-suporte está indicada nas fotos de "Fazendo uma roupa-suporte".
Em caso de dúvidas, converse com o veterinário.

A roupa-suporte tem de ser "folgada" na medida certa

Isto é necessário para facilitar o trabalho de vestir o cão e também para permitir que ele possa se deitar e permanecer confortavelmente com ela (observe nas fotos de Ilustrações).

Ao decidir o quanto a roupa-suporte ficará "folgada", analise bem se não haverá risco de o seu cão conseguir enfiar uma pata por dentro da roupa e acabar ficando em má situação.
Isto pode acontecer até mesmo com roupas comuns que estejam folgadas.

Lembre-se disto, quando estiver fazendo os moldes mencionados em "Fazendo uma roupa-suporte".

Cuidados com o pescoço do cão

A roupa-suporte não tem "gola", justamente para evitar o risco de apertar o pescoço (e a traquéia) do cão, quando ele estiver caminhando e "descarregando" parte do seu peso na roupa.

Mesmo assim, analise bem o biotipo (constituição física) do seu cão, para ter certeza de que a roupa-suporte não irá apertar o pescoço dele.

Lembre-se disto, quando estiver fazendo os moldes mencionados em "Fazendo uma roupa-suporte".

O corpo do seu cão é longo?

Se o corpo do seu cão for longo (parecido com os das raças Basset, Dachshund etc.), analise bem se a roupa-suporte precisará ter uma 3ª alça, para dar suporte na altura da barriga, evitando que a sua coluna vertebral fique "envergada" para baixo.

Em caso de dúvidas, converse com o veterinário.

As roupas-suporte que fizemos para a Fofinha não precisavam de uma 3ª alça, mas estamos indicando como fazê-la, nas fotos de "Fazendo uma roupa-suporte".


Sobre o uso da roupa-suporte

Para funcionar confortavelmente para o cão e para o Tutor

A roupa-suporte exige que você use sua percepção, para aliviar apenas aquela parte do peso que o seu cão não conseguiria "carregar" ao tentar caminhar sozinho.

As patas do cão não devem ficar "suspensas no ar", mas sim devem tocar o solo, para que ele caminhe dividindo o peso com você e se sinta confortável, como se estivesse caminhando sem ajuda.

Se você fizer o cão "flutuar" (andar quase sem tocar o chão), poderá acabar prejudicando a circulação sanguínea nas pernas dele (além de outros problemas sobre os quais o seu veterinário poderá alertar...)

Existem riscos para a saúde do Tutor?

Quando conduzir o cão usando esta roupa-suporte, o esforço para o corpo do Tutor será assimétrico (somente de um lado do seu corpo).

Você estará carregando peso com uma mão somente e estará, ao mesmo tempo, tentando encontrar e manter o ritmo certo para o cão caminhar confortavelmente.  

Portanto, avalie se a sua coluna vertebral, seus braços, mãos, ombros etc. irão suportar esse esforço sem lhe causar problemas.

Avalie os esforços levando em conta o porte físico do seu cão, sua altura, seu peso, os obstáculos existentes na casa (degraus e desníveis, por exemplo).

Em caso de dúvidas, aconselhe-se com o seu médico.

Extensão e ritmo das caminhadas

Esta roupa-suporte foi criada para minorar a dificuldade de mobilidade da Fofinha, apenas em percursos curtos e dentro de casa.

Por exemplo, levá-la ao jardim para fazer as suas necessidades, percorrendo um corredor de uns 15 metros, ajudá-la a se levantar e permanecer em pé para comer ou beber água, para andar um pouco pela casa, mudar de um lugar para outro etc.

Um cão com problemas de mobilidade, que permaneceu "parado" por períodos maiores, certamente não estará preparado para percorrer longas distâncias, nem para caminhar rapidamente.

Assim sendo, quem for caminhar com o animal usando esta roupa-suporte, deverá ter sensibilidade e bom senso para descobrir a extensão e o ritmo ideais da caminhada.

Caminhar na rua?

Evite usar a roupa-suporte para levar o seu cão para passear na rua.

Isto porque sempre poderá ocorrer alguma emergência...
Por exemplo, poderá surgir um cão agressivo, ou, ao atravessar uma rua, poderá surgir um carro em alta velocidade.

Nesta situação, dificilmente o Tutor conseguirá correr carregando o cão com a roupa-suporte. E, se conseguir, isto poderá prejudicar de alguma forma o cão e o próprio Tutor.

Dentro de casa

Depois de se acostumar a caminhar sendo conduzido pela roupa-suporte, o cão poderá "começar a achar" que, quando estiver com a roupa-suporte, conseguirá andar sozinho.

Pode ser também que, em alguns momentos, o cão consiga mesmo se movimentar sozinho, porque a sua musculatura poderá melhorar por estar se exercitando quando você o conduz com a roupa-suporte.

Portanto, tome todas as precauções para que ele não sofra acidentes, caso consiga caminhar até locais perigosos aos quais ele antes não ia sozinho: escadas, degraus, desníveis e tudo mais que você identificar como perigoso em sua casa.

Finalmente, somente quando for caminhar com o cão você deverá colocar o "suporte com alça" (travessa de madeira) na roupa-suporte.

Não deixe o cão sozinho, usando o "suporte com alça" preso na roupa-suporte, pois ele poderá se "enroscar" em alguma coisa e ficar em má situação.


História

Fizemos esta roupa-suporte por volta de 1993-1994, para a nossa Fofinha, falecida em 1997, aos 18 anos de idade.

Idosa, porte pequeno/médio, adorava andar, mas já começava a cair devido à fraqueza nas pernas traseiras.
Melhorou um pouco com acupuntura, mas a dificuldade avançava.

Criamos a primeira versão desta roupa, utilizando materiais de uma mochila de lona...

Modelamos "n" vezes, em folhas de jornal, até encontrarmos um design que funcionasse para ela.
Quatro furos para as patas, "perfil adequado" na traseira, para que pudesse urinar etc.  
Regiões de suporte adequadas para não pressionar demais nenhuma parte do corpo e para não restringir as pernas.

Vestia-se de baixo para cima...

Nós a colocávamos em pé, com as quatro patinhas dentro dos respectivos buracos da roupa já aberta no chão.
Levantávamos então a roupa, envolvendo o seu corpo de baixo para cima.
A roupa era fechada na região dorsal, por meio de velcros, através dos quais passavam 2 alças.

Funcionamento...

As 2 alças da roupa eram presas a um suporte de madeira (removível).
Esse suporte possuía uma alça de mão que podia oscilar livremente enquanto a Fofinha caminhava (um fio de nylon grosso, correndo por dentro de um pedaço de mangueira plástica).

Enfim, a invenção a transformou em uma "cachorrinha com alça", que podíamos conduzir sem que ela sentisse todo o peso do corpo (nossas colunas vertebrais que o digam).

A roupa-suporte ficou tão boa que a Jussára fez duas versões, uma de lona amarela (a partir da tal sacola) e outra de brim (a partir de uma calça jeans).


Ilustrações

Agradecimentos ao amigo Mauricio Frank, que digitalizou e resgatou estas fotos da Fofinha, há muitos anos, a partir de uma fita de vídeo praticamente estragada.

USANDO A ROUPA DE BRIM

USANDO A ROUPA DE BRIM

CAMINHANDO COM A ROUPA DE BRIM (NOTE AS PATINHAS APOIADAS NO CHÃO)

CAMINHANDO COM A ROUPA DE BRIM (NOTE AS PATINHAS APOIADAS NO CHÃO)

DESCANSANDO COM A ROUPA DE BRIM (SEM O SUPORTE COM ALÇA)

PRONTA PARA ANDAR, USANDO A ROUPA DE LONA, JÁ COM O SUPORTE COM ALÇA

DESCANSANDO COM A ROUPA DE LONA (SEM O SUPORTE COM ALÇA)


Fazendo uma roupa-suporte

A Fofinha faleceu em 1997.

A roupa-suporte de brim estava destruída pelo uso e foi descartada.

A roupa-suporte de lona estava em boas condições e foi doada, um tempo depois, para uma cachorrinha de mesmo porte, que sofria de problemas similares.
Antes de doá-la, fizemos fotos para registrar a modelagem e a construção da roupa-suporte.

Acrescentamos agora informações sobre os detalhes de construção e a forma de obter as medidas do seu animal, para poder fazer uma roupa-suporte que sirva adequada e confortavelmente nele.

Como as medidas obtidas de seu animal poderão não estar muito precisas, aconselhamos usá-las para fazer um primeiro molde, recortado em jornal.

Teste esse molde, vestindo-o em seu animal e marcando os locais que precisam ser melhorados (encurtar ou alongar alguma parte, aumentar ou diminuir os buracos para as pernas etc.).

Para marcar o molde vestido em seu cão, use caneta e nunca alfinetes e similares.
Em locais que precisem ser encurtados, faça uma dobra ou prega fixada com fita crepe.

Se necessário, faça um novo molde, a partir das marcações do molde anterior.
Teste o novo molde no animal e não se furte a fazer mais um molde, se necessário.

Um molde com medidas perfeitas será essencial para produzir uma roupa-suporte adequada ao seu animal.

Sim, o molde final estará meio amassado devido aos testes de vestir o animal, mas será fácil desamassá-lo passando-o a ferro.

Para confeccionar, escolha um tecido forte e consistente, para que a roupa-suporte não se deforme facilmente, nem fique esgarçada com o uso.

(Clique em qualquer imagem para ver em tamanho original e/ou slide show. Retorne com Esc.) 

ROUPA ABERTA

VISTA PELO LADO DE DENTRO

VISTA PELO LADO DE FORA


TOMANDO AS MEDIDAS DO CÃO

MEDIDAS - 01

MEDIDAS - 02

MEDIDAS - 03


APLICANDO AS MEDIDAS DO CÃO, PARA FAZER O MOLDE E O SUPORTE DA ALÇA DE MÃO

ROUPA ABERTA - VISTA PELO LADO DE FORA


MEDIDAS QUE VOCÊ DEVERÁ ESTUDAR E DEFINIR POR CONTA PRÓPRIA

CUIDADOS

AS ALÇAS (1) E (2) DA ROUPA NÃO PODERÃO SER MUITO CURTAS, POIS O SUPORTE DE MADEIRA (ALÇA DE MÃO) PASSARÁ ATRAVÉS DELAS (E A "TRAVESSA" DE MADEIRA NÃO DEVERÁ FICAR MUITO PERTO DO CORPO DO CÃO, PARA NÃO HAVER O RISCO DE MACHUCÁ-LO).

USE BOM SENSO PARA DETERMINAR O TIPO E O TAMANHO DOS VELCROS, PARA QUE, COM CERTEZA, SUPORTEM O PESO DO SEU CÃO.


ROUPA ABERTA - VISTA PELO LADO DE FORA


3ª ALÇA - LOCAL SUGERIDO

(SOMENTE SE O CÃO TIVER UM CORPO MUITO LONGO E SOMENTE COM APROVAÇÃO DO VETERINÁRIO).



VESTINDO A ROUPA-SUPORTE

VESTINDO - 01

VESTINDO - 02

VESTINDO - 03 (FECHE A ROUPA DA MESMA FORMA, NA PARTES DIANTEIRA E TRASEIRA)


FAZENDO O SUPORTE COM ALÇA DE MÃO

CUIDADOS

Este suporte é absolutamente necessário, para que o esforço seja aplicado exatamente nas alças da roupa-suporte, na direção das patas do cão.

Não tente prender uma alça de mão diretamente nas 2 alças da roupa, pois isto irá comprimir a coluna vertebral do seu cão!

Deverá ser usado um sarrafo de madeira que, com certeza, suporte o peso do cão, mesmo depois de receber os furos para passar o fio de nylon e os rebaixos para encaixe das alças da roupa.

A Fofinha pesava uns 12 kg.
O sarrafo que aparece nas fotos era feito de madeira extremamente resistente à flexão e, portanto, a sua espessura não deve ser tomada como parâmetro.

Evidente que o fio de nylon também deverá suportar, com certeza, o peso do seu cão.

A altura da alça de mão (e, portanto, o comprimento do fio de nylon) deverá ser definida em função da altura do cão e da altura em que ficará a mão da pessoa que conduzirá o cão, para que ambos tenham um caminhar confortável.

A mangueira de plástico deverá, sim, ser menor do que o comprimento do fio de nylon, para que o sarrafo de madeira possa oscilar (como uma gangorra) acompanhando o movimento do corpo do cão, enquanto ele caminha.

SUPORTE --- VISTA GERAL

SUPORTE --- ENCAIXE PARA ALÇA DA ROUPA - IGUAL NOS 2 LADOS (VISTO DE CIMA)

SUPORTE --- ENCAIXE PARA ALÇA DA ROUPA - IGUAL NOS 2 LADOS (VISTO DE LADO)

SUPORTE --- PRENDENDO O FIO DA ALÇA DE MÃO


ROUPA-SUPORTE PRONTA, COM O SUPORTE DA ALÇA DE MÃO

(A roupa e o suporte da alça não estão bem ajustados, porque o cão de pelúcia não tem nem as dimensões, nem o peso da Fofinha)


Desejamos que esta iniciativa ajude muitos cães e seus Tutores!

Alfredo e Jussára Cyrino
Setembro de 2018