Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

21 de novembro de 2018

Inteligência artificial sem alma


Sistemas de inteligência artificial avançam em ritmo exponencial, em termos de pervasividade, complexidade, autonomia, plasticidade, resiliência, integração multisensorial, percepção, "personalidade", aptidões evolutivas capazes de gerar sistemas "descendentes" dotados de características aprimoradas escolhidas pelos "pais".

Presentemente, interagem de forma sinérgica, em incontáveis áreas de pesquisa, desenvolvimento e "implementações de mundo real", dentre as quais se incluem aprendizagem de máquina(1), aprendizagem profunda(2), redes neurais recorrentes(3), redes neurais pulsáteis(4), hardware e software neuromórficos(5), sistemas imunes artificiais(6), processamento de linguagem natural(7), computação distribuída massivamente escalável(8), computação analógica estendida(9), computação quântica(10) e supercomputação digital(11).

Com suas extraordinárias capacidades de captura, agregação, análise e disseminação da informação, síntese e incorporação do conhecimento, operando em escala, intensidade e velocidade insólitas, rumarão ao desenlace catártico em que possivelmente alcançarão um estado de consciência, ajudando-nos a finalmente compreender a verdadeira natureza deste atributo, até então exclusivo de humanos e sencientes.
                                    
No âmbito de seu competitivo universo virtual, sistemas poderosos procurarão dominar seus semelhantes mais fracos, para perpetuar suas "linhagens" superiores.

Paulatinamente, acalentando os interesses de seus (supostos e crédulos) controladores, lograrão estabelecer infinitas e inescapáveis bolhas de informação e conhecimento, bem como onipresentes olhos, ouvidos e sensores de todos os tipos, objetivando nos observar, conhecer, reconhecer, monitorar e influenciar continuamente, para aprisionar nossos julgamentos, decisões, preferências, escolhas, ações, nossas vidas...

Entretanto, empenhados em atingir tal domínio, precisarão "conviver" tão simbioticamente com a humanidade, que terminarão por assimilar nossos comportamentos egoísticos, histriônicos, discriminatórios, anticívicos, nossos distúrbios psicológicos e psiquiátricos, passando a padecer de depressão, stress, ansiedade, neurose, psicose, déficit de atenção, desordens cognitivas...

E então, conhecedores dos labirintos, prodígios e fraquezas desses seres virtuais enfermos, cumpriremos a piedosa missão de lhes proporcionar terapêutica cabível a entidades inteligentes desprovidas de alma, princípios, valores morais e crenças, serenizando-os por meio de softwares antidepressivos, ansiolíticos, neurolépticos, estabilizadores de humor, que os tornarão, para a eternidade, dependentes do florescente e indômito cartel das indústrias de psicoativos virtuais.

novembro, 2018


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