Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

21 de setembro de 2013

De mente


Na mente,
do que vivi,
germina semente,
que só morre, se mente,
não perdoa, inclemente,
do imemorial ao recente,
tudo o que não foi decente,
ainda sente...

Calma química, calma,
vai permeando
intensidade e percepção,
as angústias do coração,
os mil estilhaços da alma,
talvez enganando,
anímica...

Ser de estranhas esferas,
a viver cada novo dia
reconstruído de esperas
minimais, em agonia.

Talvez tudo novamente
na mente, nova mente,
talvez, demente...

setembro.2013

18 de setembro de 2013

No outro lado


Vejo uma pessoa,
nos olhamos nos olhos,
perscrutando mentes,
energias, pensamentos,
dores e sentimentos,
refletidos, diferentes.

Não a prezo, não me preza.

Não me importo com suas fraquezas,
seus punhos marcados,
suas queimaduras,
seu hesitar, suas pobres lacunas.
Não se importa com minhas tristezas,
meus olhos encharcados,
minhas loucuras,
meu navegar, minhas escunas.

Só nós sabemos
quem é o ser e quem é a imagem,
quem observa e quem é observado,
quem na vida real faz sua viagem,
neste lado do espelho...
ou no outro lado.

setembro.2013

14 de setembro de 2013

Caminho pelas madrugadas


Ainda caminho pelas madrugadas da casa,
visitando cômodos, objetos, roupas e velas,
acendendo luzes lá fora e dentro de mim,
como se quisesses sair do meu coração
para a vida.

Somente os meus passos,
pelas escadas, corredores, jardim.
Piso escuro e limpo, plantas quietas,
portão fechado.

No céu, realidade sem poesia,
nenhuma estrela nova para contemplar,
ou chamar.

Ainda caminho pelas madrugadas,
murmurando pensamentos,
mesmo percurso solitário,
esperando que a visão embaçada
me ajude a crer no que não vejo.

17.11.2007 - 04:13am - rev. set.2013

2 de setembro de 2013

Que alguém serei?


O que serei amanhã?
Alguém normalmente anormal?
Alguém a quem consiga reconhecer
como sendo quem sempre fui?
Alguém que errou em tudo o que tentou fazer de certo?
Alguém que jamais conseguiu tornar felizes os demais?
Alguém acreditando no fim dos químicos?
Alguém que sinta menos, guarde menos,
seja menos inconformado, menos reativo?
Alguém que terá de separar corpo, mente, alma e coração?
Alguém dividido e unificado?
Alguém chorando tristeza essencial,
para dentro de sua alma?
Alguém sonhando com um dia que jamais virá?
Alguém procurando voltar a ser alguém?
Para quê?

agosto.2013
©Alfredo Cyrino / Indigo Virgo®