Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

19 de setembro de 2021

Não direi os seus nomes


Seres egressos dos umbrais,
asquerosos, truculentos, 
decrépitos de mentes e almas. 
Fisionomias plúmbeas, suarentas.
Olhares reveladores da maldade congênita.

Dissimuladores que a mais ninguém iludem, 
encenando personas que intrigariam Jung.

Senhores da empáfia, inebriados de auto-louvação, 
mariposas jurássicas, ávidas pela limelight.

Deturpadores hediondos, abjetos! 

Das meras escrivaninhas que lhes cabem,  
fizeram púlpitos de onde vociferam, 
ousam escarrar sobre a Nação, 
cujo brado retumbante ignoram, 
fingem não ouvir.

Manipuladores desprezíveis, imorais, 
sempre escancarando suas bocas fétidas, 
plenas de dentes e línguas de bate-estacas, 
a fabricar dogmas de retórica nojenta, 
bordões que a horda vendida evocará 
para rotular e perseguir os "hereges" 
que anseiam levar à fogueira santa.

Biltres!
Usurpadores do mando,
perpetradores do desmando,
a encarcerar pensamentos e palavras 
daqueles que não se curvam.

Sabem a quem me dirijo. 
Mas, para argüir a respeito, 
terão de vestir esta catinguenta carapuça, 
pois não disse os seus nomes...

setembro.2021
© Alfredo Cyrino / IndigoVirgo

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4 de setembro de 2021

Agradeço pela jornada



Durante este longo caminho,  
conheci plenamente
as maravilhas, realizações e limitações, 
os perigos, fracassos e iniqüidades, 
os saberes, incertezas e cegueiras, 
os conflitos, as convergências...

Da cosmologia, da astrofísica,  
das abordagens quântica, relativística, 
das engenharias, quase todas. 

Dos primórdios da ciência da informação, 
às redes neurais emulando ainda tosca inteligência, 
ante o enigma da consciência humana. 

Dos encantos, distinções e afinidades dos idiomas. 
Da leitura, da escrita, da crônica, da poesia.

Da música, da composição. 
Dos instrumentos que tanto ouvi 
e dos que pude tocar.

Das tantas ciências da vida. 
Das entidades submicroscópicas, vivas e inanimadas. 

Das teorias evolucionistas, criacionistas.
Da teologia, dos sincretismos, do ateísmo.

Aprendi, 
por rumos certeiros e também sem norte,
avançando, retrocedendo, caindo, levantando...

A não andar nas sombras, 
iluminar meus próprios passos e decisões.

A ter limites demarcados pelos meus acertos, 
erros e remorsos. 

A perseverar nos objetivos, 
contornando as pedras, mirando a montanha.

A compreender humanos e sencientes,  
contemporizar sem condescender com o mal, 
perceber na ofensa as limitações dos ofensores. 

A considerar contextos, perspectiva ampla, 
em todos os eventos e situações.

A lançar olhar, coração e mãos 
sobre as criaturas em sofrimento,
inocentes, indefesas, injustiçadas. 

A tentar não lançar ectoplásmica ira 
contra os perpetradores. 

A suportar e aceitar as grandes perdas,  
que só ocorrem a quem colheu grandes bênçãos. 

Adquiri consciência da minha insignificância e finitude, 
ínfima partícula neste Universo, 
apenas um individuo, 
dentre quase 8 bilhões de viventes neste planeta, 
dentre mais de 100 bilhões que por aqui já passaram, 
dentre os que habitam o incomensurável e desconhecido.

Ah! 
Quanto assimilei! 
E quanto ainda me falta!

Agradeço a Deus por esta jornada...

Pelos perfeitos dons, 
físicos, intelectuais, espirituais, 
recebidos para completá-la.

Pelo bendito provimento que jamais me faltou.

Por tudo o que me permitiu saber, ensinar, 
criar, construir, consertar, restaurar, 
resgatar, apaziguar, serenizar.

Por aqueles de quem cuidei 
e por aqueles que cuidaram de mim. 

Pelas conquistas alcançadas nas escolhas certas 
e pelas lições contidas nas escolhas erradas.

Pelo amor daquela que o Senhor me concedeu
por companheira desta vida, 
de tantas  vidas, 
de futuras vidas, 
em reencontros marcados ad infinitum... 

setembro de 2021


Humilde agradecimento a Deus.
Singela dedicatória à minha esposa, Jussara.

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