Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

12 de março de 2016

Ode ao dia urbano


Mais um dia chegando.
Eu, aqui, sentado no chão,
cabeça fervilhando,
antecipando os rumores urbanos.

Madrugada de sono inexistente,
mente descontente,
rumo ao amanhecer cinzento.

Poeta pobre, de pobres entes,
cansado
da luta que recomeça,
da cidade que desperta
 ingerindo álcool, café, leite com água,
ou somente água,
queimando óleo e cigarros,
queimando gente.

Mais um dia sem lugar e sem tempo,
cheio de horas marcadas,
marcando limites.

Um dia inteiro
barbeado, penteado, vestido e calçado,
andando de lado.
Um dia de óculos,
sem ver o que mais importa.

Menos uma noite para pensar,
aplacar a ansiedade,
ouvir o silêncio.

set.1990

11 de março de 2016

No meio do nada


Caminhos cíclicos.

Noites densas,
em horas estáticas,
de vozes silenciosas.

Memórias cortantes,
em cacos persistentes.

Alma inquieta,
animal.

Cão ferido,
sem compreender.

Não mais saber ser.

jan.2016

9 de março de 2016

Cada eu que morreu


Cada eu
que não esperava pelo mal,
que esperou pelo bem das reconsiderações,
que não soube esquecer cada momento.

Cada um desses eus derrotados viveu,
morreu nas encruzilhadas
dos eventos que poderiam
não ter sido.

jan.2015

7 de março de 2016

Quem irá


Esquecer,
relembrar,
desatinar?

Serenizar,
inquietar,
angustiar?

Esperar,
abandonar,
desalentar?

Sorrir,
deplorar,
prantear?

Perdoar,
vingar,
aplacar?

Partir,
desaparecer,
renascer?

 fev.2016


5 de março de 2016

Hoje


Abraço forte
as presenças e ausências queridas,
desta longa vida cansada.
Abraço o que ainda vive, o que se foi
e o que não tive.

Abraço todos os seres que magoei
e seus sonhos.

Abraço muito forte
os que poderia ter feito felizes
e não soube.

Abraço toda a minha sorte
e minha dor e minha morte.

Não fui
quem pretendia ser,
quem esperavam que eu fosse.

 25.06.2015