Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

12 de dezembro de 2013

Cão de guerra


Aglomerados de Hércules, de Centauro, de Virgem.
distâncias infindas, vazios aterradores,
filamentos galácticos.
Andrômeda... Via Láctea.
Do centro devorador à espiral,
Braço de Perseus... Braço de Órion.
Estrela inexpressiva, terceiro planeta.

Ser novamente desperto,
perdido em memórias de incontáveis estadas,
vivendo, avançando, rechaçando imposições,
contrariando opiniões, conselhos,
traçando seus próprios mapas, roteiros,
percorrendo suas estradas, ruas,
praças, esquinas, encruzilhadas,
compreendendo suas realidades nuas,
semeando aprimoramento,
colhendo paz e batalhas.

Confiante, incauto, crédulo.
Planos, projetos, promessas,
metas atingidas, metas abandonadas.
Reinvenção, transmutação, resiliência,
persistindo no tempo vil, inclemente.

Tanto labor e luta,
tantos erros e acertos,
vida ganha, vida perdida,
nem sei em que medida.

Confiável, inconfidente,
construtor, destruidor, criatura, criador,
etéreo, material, alma, ânima imortal.

Aparelho-dádiva, recebido perfeito.
Animal mortal, imerso na fatalidade
de seus desertos, espinheiros, rios, rochas.

Indeléveis, ineficazes,
três pulseiras gêmeas gravadas em cada pulso,
treze brasas cravadas no punho esquerdo.
Décimo terceiro ano de mais um milênio
que haverá de passar, como tantos outros.
Memórias de aprendizado de mágoas e perdões,
de reconstrução pelo amor.

Quimicamente exorcizado,
espiritualmente serenizado,
regenerando mente, visão, equilíbrio,
doloridos nervos, músculos e ossos,
prosseguindo incoercível,
para além dos desertos, espinheiros, rios, rochas,
por sobre o que mais me trouxer a vida,
deste ou de quaisquer planos,
até o momento de novamente adormecer
este meu furioso ser, cão de guerra.

novembro - dezembro, 2013