Hoje, não mais existe...
Mesas limpas, sem equipamentos,
fios, conexões.
Gavetas e armários vazios de tristes
conteúdos.
Inutilidades e papéis
destruídos e descartados.
Piso impecável, cortinas
lavadas,
janelas e portas semi-abertas,
ar circulando, livre.
Espaço árido em que às vezes
transito,
passos rápidos, rasgando véus
de memórias feridas
que ainda me observam, gritam,
estertoram
apontando dedos acusadores para
visões de mim mesmo,
existindo ansioso,
inconformado, revoltado, impiedoso,
deitado no chão, desgrenhado,
machucado, surtado,
dormindo, medicado, drogado...
Não mais meus anjos,
e meus destruidores demônios,
minha alma vagando perdida
em minha loucura onírica.
Não mais realidades harmônicas
transmutadas pelo meu simples
existir.
Não mais adagas cravadas em
mim
e em minhas vítimas... não mais.
Já não importa "que
alguém serei".
Não há como alterar resultados
do que vivi,
das batalhas da mente, do
coração e do espírito,
das palavras ouvidas e
proferidas,
das dores e dos bálsamos,
das agruras, dos perdões,
dos surtos e da cura.
E não há como evitar a paz
que haverei de alcançar.
17.11.2013