Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

5 de agosto de 2011

Um dia de chuva



Final de tarde, chuva fina lá fora.
Na janela, quadro transparente e difuso,
fluem imagens eloquentes, silenciosas.

O vento e a água, salpicando brilhos
nas memórias distorcidas, redesenham no vidro
as histórias que já foram, ou seriam,
meu próprio reflexo no painel enevoado.

Somente a respiração se move,
os olhos viajam no tempo adormecido,
contemplando cenas mutantes, esmaecidas,
contraditoriamente vivas.

As primeiras luzes da rua despertam o tempo,
atravessam meu quadro ilusório, a penumbra,
devolvendo as histórias para dentro de mim.

Anoiteceu, chuva fina lá fora,
ninguém passando, partindo ou chegando,
nem eu, nem você, nem nós.

27.04.2011
©Alfredo Cyrino / Indigo Virgo®