Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

11 de agosto de 2019

Asas de libélula


Caminhando pelo corredor externo da casa, quase madrugada.
Luzes apagadas, lua brilhando muito forte.

Há algo pequeno e brilhante no chão, um reflexo furta-cor, junto à parede. Não identifico bem a sua forma.

Mais próximo, vejo uma libélula, imóvel.
Aparenta estar perfeita.
Seus olhos enormes parecem fitar a lua.
Não pode estar morta.

Contemplo aquele ser perfeito,
com a ilusão de que subitamente irá voar para longe.
Nada acontece...

Por que esse parar de vida solitário,
esse momento final, chegado como inesperado adormecer?

Coloco-a cuidadosamente sobre a palma da mão e a conduzo ao jardim,
onde a deixo "pousada" sob as plantas de uma jardineira,
para que se cumpra o seu regresso à Mãe Natureza.

Asas de estrutura admirável,
que riscaram o ar milhares de vezes,
sobrevivendo a chuvas e ventos,
levando beleza e energia exuberantes a lugares inexpugnáveis,
agora irremediavelmente quietas, diluindo-se no tempo.

O que vieram me dizer?

Evento: 27.04.2002
Texto: agosto.2019