Mais a visão se aprofunda,
mais estrelas se percebem,
na escuridão...

2 de maio de 2014

Dos vivos e dos mortos


Dos vivos e dos mortos, dos mil obsessores,
seus amores, dores, mágoas, pragas, rancores.
De tudo o que tenha feito ou desfeito.
Da mente, da alma, das farpas no peito.
De tudo o que me persiga, maldiga, ofenda.
De tudo o que ainda não compreenda...

Nada me aterrorizou mais
do que as águas dos meus oceanos.
Imergir, perder-me em suas insondáveis trevas,
implacáveis como o passar dos anos.

Nada me perturbou mais
do que as faces, a mudez daqueles elfos e devas,
mãos espalmadas voltadas para o céu,
ante as lágrimas e perguntas derramadas.

Nada me atormentou mais
do que os infinitos recalls da mente cruel,
os inconformismos utópicos do espírito,
desalento sobrepujando temor da morte.

Nada me aflige mais
do que esta determinação irada de arrancar respostas,
em quaisquer planos a que seja enviado,
umbrais, hospitais, veredas etéreas, planícies remotas.
Quero todos os porquês, antes de ser curado.

fev - abr 2014