na grama reluzente dos
comerciais.
Hinos de salvação decorados,
em bocas convictas, autobeatificadas.
Flauta doce narcisista, expirando
notas contemplativas,
sonolentas.
Cães-objetos, ocupando
espaço
em quintais de hipocrisia insensível.
Falatórios de farras
etílicas,
envenenando meu direito à
paz.
Muros de cal e limo e sal, repintados,
enfeitando dissonâncias da
cidade.
Fios emaranhados, trepadeiras
neuronais,
alimentando gambiarras
televisivas, zumbidos,
conversas grampeadas, lâmpadas
queimadas,
idéias vencidas.
Não quero mais
perguntas verdadeiras pedindo
apreço,
respostas evasivas
escancarando verdade,
palavras mortas de tentar
expressar,
palavras soltas só para
atormentar,
o que fiz e nunca mereceram,
o que mereci e nunca
fizeram,
o que bem sei e nunca
revelei,
o que não disse, mas imaginaram,
o que sempre disse, mas nunca
entenderam.
Não quero mais
meu eu-real suportando
meu eu-estereótipo
das mentes normais.
fev.2013