Criaturas estáticas,
povoando outdoors, displays, revistas,
situações contrárias à Física Newtoniana,
proporções cruelmente deformadas,
recriações digitais ofensivas
aos seres originais.
Criaturas em movimento,
transitando em mídias ocas,
points, baladas, clubes, carnavais,
academias, resorts, cenas policiais,
derramando palavras fúteis,
produzindo factóides,
fazendo em público tudo de tudo,
pelo momento de exposição.
Seres improváveis,
homens, mulheres e in-betweens,
homens, mulheres e in-betweens,
estereótipos do triste exagero,
desfilando quase naturalmente
seus exoesqueletos protéticos,
linhas esculpidas a sugador, seringa,
bolsas e placas de silicone,
suas ameaçadoras faces isósceles
de mandíbulas alargadas,
lábios inchados a restylane,
dentes fluorescentes, radiativos,
expressões parvas, botulínicas,
seus cabelos tratados a culinária,
recozidos a íons, laser, microondas,
suas vozes guturais, esteroidizadas,
a recitar scripts jamais seguidos.
Mariposas na limelight,
pontos luminosos em movimento
caótico, efêmero.
Decisões inconseqüentes,
autoflagelo sem perdão.
Seres que não serão,
sob seres inexistentes.
dezembro/2011